A internet é uma rede que conecta milhões de computadores no mundo todo. Para que essa comunicação possa acontecer devidamente, cada dispositivo conectado à internet precisa possuir um endereço único que o diferencie dos demais, essa é a responsabilidade do IP (Internet Protocol).
Mas, a cada dia mais e mais computadores são conectados à intenet (computadores de modo geral, tablets, smartphones, servidores, etc.) e por essa razão a quantidade de endereços de IP disponíveis está chegando ao fim. E é exatamente ai que chega o IPV6, sigla para Internet Protocol version 6.
Conheça como este protocolo funciona, suas principais diferenças com relação ao IPV4 e compreenda como esse padrão soluciona a ausência de endereços na internet.
Conteúdos
Endereço de IP
Antes de falar sobre o IPV6, é essencial saber o que é o IPV4, que estamos acostumados a chamar apenas de IP. O IPV4 é uma sequência numérica que pode ir de 0 a 255, como por exemplo: 189.34.242.229.
Para cada computador conectado à internet ter seu endereço de IP exclusivo, uma entidade chamada IANA/ICANN distribui cotas de IP em todo o mundo, cotas estas, que são administradas por entidades regionais que passma para provedores também chamados de ISP (Internet Service Provider).
Ao contratar uma empresa que fornece acesso à internet para sua residência, por exemplo, este provedor deverá fornecer um endereço de IP de sua cota (em muitos casos, esse endereço costuma mudar cada vez que a internet é conectada), para conectar ao seu computador ou à internet. Sites também possuem endereço de IP, pois ficam armazenados em servidores que, é óbvio, estão conectados à internet.
O endereço IPV4 é uma sequência de 32 bits (ou 4 conjuntos de 8 bits) e isso faz com que, teoricamente, ocorra a criação de mais de milhares de endereços. Uma grande quantidade aparentemente, mas essa é uma quantidade que nos dias atuais se tornou praticamente insuficiente.
Este problema ocorre porque não se esperava que, a internet fosse crescer tanto. A primeira ideia acerca da criação da internet era da criação de um sistema de comunicação que ligasse centros de pesquisa. Apenas quando ela passou a ser utilizada de forma ampla é que se tornou claro que a quantidade de IPs poderia ser atingida em um futuro bastante próximo. Com isso, o projeto IPng (Internet Protocol Next Generation) se iniciou, dando origem ao IPV6.
Endereços de IP se esgotando
Não é nada difícil compreender o porquê dos endereços no formato IPV4 estejam se esgotando. Para começar, grande parte destas 4 bilhões de combinações disponíveis, como as que começam em 10 e 127 por exemplo, são reservados para redes locais ou para testes e além disso, existe uma grande parte destes endereços que é destinada a instituições e grandes corporações.
Mas, o principal é que o mundo está cada dia mais conectado, sendo possível encontrar diversos pontos de redes wi-fi em shoppings, restaurantes, aeroportos e até mesmo nos ônibus. Além também de que cada vez mais existem pessoas com conexão banda larga em casa ou que utilizam planos de 3G ou 4G para acessar a internet de seus smartphones, tablets e demais dispositivos em qualquer lugar.
Diversas medidas foram adotadas para lidar com este problema, como por exemplo a utilização do NAT (Network Address Translation), técnica que permite que um único endereço de IP possa representar diversos computadores. Essa técnica costuma ser aplicada, por exemplo, em provedores de acesso via rápido ou até mesmo em operadoras que oferecem acesso via 3G.
Mas, o NAT e as outras medidas simples que foram implementadas possuem limitações e no máximo apenas estão adiando o esgotamento, de forma que, uma solução definitiva e prática necessite ser adotada. Mas, a solução atende pelo nome de IPV6.
Endereços de internet IPV6
A criação do IPV6 durou anos, pois é necessário desenvolver uma série de parâmetros e requisitos para que problemas não venham a acontecer ou ao menos para que sejam substancialmente amenizados quando o IPV6 for implementado. Ou seja, tornou-se necessária a criação de uma tecnologia, o IPV6 e fazê-la evoluir e não criar um novo padrão.
A diferença mais encontrada no IPV4 e no IPV6 e seu formato é que o IPV4 é constituído de 32 bits, como dito anteriormente, enquanto o IPV6 é formado por 128 bits. Dessa forma, teoricamente, a quantidade de endereços disponíveis pode aumentar ainda mais.
Mas, existe um problema: se no IPV4 são utilizadas quatro sequências numéricas para formar um endereço, como o exemplo citado no início do texto, no formato IPV6 passa a ter nada menos do que 16 grupos de números, sendo oito sequências de até quatro caracteres, separados pelo sinal de dois pontos (:), considerado como um sistema hexadecimal.
O formato do IPV6 ainda é bastante confuso, mas um pouco melhor do que se fosse seguir a mesma regra do IPV4. Felizmente, os endereços IPV6 poderão ser abreviados, pois números zero existentes à esquerda de uma sequência podem ser ocultados, como por exemplo: 0260, que pode ser representado apenas como 260. Além disso, os grupos com 000 poderão ser exibidos apenas como 0.
A verdade é que os endereços IPV6 são tão grandes que as sequências 0:0:0, por exemplo serão extremamente comuns, sendo possível omitir estes grupos, pois o computador saberá que este intervalo é ocultado e composto por sequências de zero.
Endereços IPV6
De forma geral, os endereços IPV6 fazem parte de uma dessas categorias: Unicast, Multicast e Anycast. Essa característica serve para proporcionar uma distribuição otimizada de endereços, possibilitando que sejam acessados de forma mais rápida de acordo com a situação.
Conheça cada um destes tipos:
– Unicast: tipo que define uma única interface, de forma que os pacotes enviados a esse endereço sejam entregues somente a ele. É apropriado para redes ponto-a-ponto;
– Multicast: neste tipo, pacotes de dados podem ser entregues a todos os endereços que pertencem a um determinado grupo;
– Anycast: semelhante ao multicast, com a diferença de que o pacote de dados é entregue à interface do grupo que estiver mais próxima. Esse tipo é apropriado para servidores de DNS, por exemplo.
Lembrando também que, assim como no IPV4, o IPV6 também pode ter seus endereços divididos em cotas ou categorias, criando hierarquias para determinar a distribuição otimizada de endereços.
IPV6 e IPV4
A quantidade de números de endereço IPV6 disponíveis permite que apenas este protocolo passe a ser utilizado na internet. Mas, essa mudança não pode simplesmente ocorrer de um momento para o outro, pois roteadores, servidores, sistemas operacionais e outros precisam estar 100% compatíveis com o IPV6, porém, a internet ainda está baseada no IPV4, ou seja, ambos os padrões serão utilizados por um longo tempo ainda.
Seria burrice criar duas distinções, uma para o IPV4 e outro para o IPV6. Porém, é essencial não só que ambos coexistam como também se comuniquem. Existem alguns recursos que foram criados especialmente para isso e que podem ser implementados nos equipamentos de rede, como por exemplo:
– Dual-Stack (pilha dupla): faz com que um único dispositivo – um roteador, por exemplo – tenha suporte aos dois protocolos;
– Tunneling (tunelamento): cria condições para o tráfego de pacotes IPv6 em redes baseadas em IPv4 e vice-versa. Há várias técnicas disponíveis para isso, como Tunnel Broker e 6to4, por exemplo;
– Translation (tradução): faz com que dispositivos que suportam apenas IPv6 se comuniquem com o IPv4 e vice-versa. Também há várias técnicas para tradução, como Application Layer Gateway (ALG) e Transport Relay Translator (TRT).
Como você viu ao longo deste texto, o protocolo IPV6 representa aquilo que será a internet futuramente, uma vez que não só elimina as limitações que existem no IPV4, como também abre um leque de possibilidades para que o mundo esteja cada vez mais conectado.